02/06/2011

Manutenção

Opa!



O blog está em manutenção,
em breve portóflio atualizado!






Inté+V!

17/01/2011

O Fim do Mundo em 2011

Dia 11 de janeiro começou como outro dia nublado qualquer. Exceto por algum peso no ar, certo desconforto no rosto das pessoas aqui em Areal. É janeiro, e as águas de março que tradicionalmente encerram o verão estão distantes.

Os rios estavam atrevidamente cheios, mas não chovia. Havia o rumor que um excesso de água havia caído na cabeceira do Rio Preto e em seus afluentes. Os primeiros telejornais da manhã já noticiavam as tragédias ocorridas no distrito de Itaipava em Petrópolis, nas cidades de São José do Vale do Rio Preto, Teresópolis e Nova Friburgo. Ali estavam respostas para cara de desconforto de todos aqui na cidade, que até então estava tudo em ordem.

A rádio da cidade e o carro de som anunciavam o alerta máximo aos moradores dos bairros que possuíam casas próximas às margens do rio. Para que saíssem de suas casas e fossem para os morros, a fim de evitar qualquer tragédia e para que vidas não fossem perdidas. A barragem de Areal estava aberta e provavelmente aumentaria ainda mais o fluxo de água que passavam pelas comportas.

Por volta das 10h a ponte no início da estrada do morro grande, já começava a ficar submersa. A água cobria toda a superfície do córrego que desagua no Rio Preto e espalhava-se sorrateiramente pela rua. Em menos de uma hora, uma área de aproximadamente 120m daquela ponte estava coberta pela água amarelada, essa água começava a ocupar toda a Rua Afonsina pelos bueiros, que serviam como habitat das famílias de baratas e saiam correndo desesperadamente apavoradas pelo avanço inédito e repentino de água naqueles bueiros.

Algumas famílias da Rua Afonsina não pagaram para ver, receberam auxílio em retirar suas coisas que foram alocadas dentro de caminhões baú. Quando se deram conta, essas pessoas estavam com água dentro de suas casas, e num piscar de olhos a água passava dos 30cm para 1m. Os tijolos e bancos não adiantaram, a água continuava subindo. De forma catastrófica aquela situação estava tomando uma forma muito catastrófica e o único jeito era desertar apenas com a roupa do corpo ou com o que pudesse ser carregado.

Com tentativas frustradas, as pessoas arriscavam salvar suas coisas com auxílio de estranhos em baixo de seu teto. Incrivelmente uma corja de bárbaros simulava um auxílio e aproveitava a situação para furtar o que pudesse ser carregado e em plena luz do dia.

Em poucos minutos não havia mais rua, as pontes que estavam parcialmente submersas foram completamente tomadas pelas águas. A cidade foi praticamente tomada para dentro do rio. Passava das 13h quando uma notícia percorria a cidade, que mesmo havendo impossibilidade de transito nas ruas, se propagava todo o tipo de notícia e balelas por telefones. Falavam que a barragem de Areal havia estourado. Foi um corre-corre, gritaria e desespero pela cidade. A água parecia subir mais rápida e não havia mais solução, inundaria tudo até a altura da torre da igreja no centro da cidade. Mas por fim, não passou de um trote que a barragem havia rompido.

Os moradores de Alberto Torres viveram momentos difíceis e aterrorizantes. Viram postes de luz sendo levados pela água, trecho da Avenida Jorge Luiz dos Santos pela última vez. Muitos não conseguiram salvar o que deixaram nas proximidades do rio. A BR-040 teve um trecho alagado. A usina hidrelétrica de Alberto Torres não aguentou e parte foi embora com a água.

Nos morros ao redor da cidade, avistavam-se famílias desorientadas vendo de lá do alto as suas coisas, que foram conquistadas com o seu suor de cada-dia e com a sua particularidade, indo de água abaixo em poucos minutos. Em alguns pontos era constante a queda de construções, principalmente aquelas construídas em encostas e pela margem do rio de forma irregular.

Por todo o tempo, os curiosos registravam tudo com as suas câmeras. Gravaram aquela situação que estava deixando a partir dali, vários desabrigados. Nos pontos mais altos da cidade via-se descer quase tudo pelas águas barrentas do Rio Preto. Os moradores mais antigos diziam numa só voz: isso jamais havia acontecido.

Já eram 17h quando a água começou a dar uma trégua e recolheu-se para o seu lugar de origem. Vimos então as primeiras cenas do que foi tomado pela água. As construções que tentavam manter-se de pé aos poucos se entregavam como num final de guerra, se renderam aos graves ferimentos e foram ao chão. Muitas não resistiram e nem emergiram. Vias interditadas. Em suma, um horror. Mas que felizmente não resultou em óbitos.

Muito triste. Lama em cima e em baixo, dentro e fora. E agora, acabou? A água nos deixou em paz. Mas será que a represa aguenta? Não estamos preparados para outra, por hora não.

Não adiantava tentar apenas consolar as vítimas. Era chegada a hora de abrir as portas e janelas, calçar as galochas, arregaçar as mangas e pegar as inchadas. Começar um novo caminho depois de uma tragédia não é fácil. Aos desabrigados restou o teto público ou a casa de parentes e amigos. Aos não afetados pelas águas, foi preciso resgatar a solidariedade que estava esquecida.

Toda ajuda é bem vinda, sempre bem vinda. A quinta-feira 13 mais parecia uma sexta-feira 13. Quando o sol raiou já se escutava barulho da raspagem. Ainda haviam casas fechadas esperando a retirada do que sobrou dentro e da lama.

A energia elétrica foi reestabelecida parcialmente nos bairros, bem como o sinal de telefone celular e a água ainda é coisa para poucos.

Aproximadamente os 11mil habitantes da pacata cidade de Areal, jamais esquecerão o que viram. Está tudo guardado em nossas lembranças, está tudo isso tatuado na carne de quem perdeu o seu lar doce lar. Felizmente, a ausência de óbito é um fator tranquilizante e diminui a nossa dor, saber que não houve subtração em nossa população já ajuda a buscar forças para reconstruir isso tudo que foi perdido.

Conforme supracitado, toda ajuda é bem vinda. Quem puder e quiser, ajude os desabrigados e os necessitados. Toda a nossa região serrana precisa de sua ajuda, principalmente as cidades de Nova Friburgo e Teresópolis que tem um elevadíssimo número de óbitos. A sua solidariedade é o consolo e abrigo para todos que não tem comida, roupas, estão com escarces de água e precisam de um lugar para ficar. Nossa região precisa e precisa muito.

01/04/2010

Não deixe o monstro da censura acordar!

Como, diariamente, diz um amigo meu: “Se você parar para analisar friamente...”.
Pois é, foi isso que fiz. Se você, eu, ou qualquer um parar para analisar friamente o programa Big Brother Brasil, produto da Rede Globo. [ironia] Que não é (nem de longe), um produto moldado e forjado por pessoas maquiavélicas, astuciosas e oportunistas [/ironia].
O programa pré-programado, televisivo, industrializado, semi-desnatado, sem conservantes e contra indicações e livre para todas as idades, é um exemplo recente de como “A Grande” tem, não só, a regra em mãos, como possui também o destino dos participantes (ou Brothers and Sisters, como queira) do “game reality show” na guarda e responsabilidade de seus produtores.
Com a pré-candidatura ao cargo de presidência desta república federativa acontecendo. Os premissos estão adentrando as nossas casas em horário nobre, sem pedir licença e esbanjando argumentos comparativos e ideológicos para nós, indefesos e indecisos eleitores.
E o que tem haver BBB com Eleições 2010? Tudo. Ou quase isso.
Seguindo a linha de raciocínio. Na neo-propaganda eleitoral gratuita, exibida ontem pelo PSDB. Serra alegou que o bolsa família, pro uni e outros benefícios que o governo federal liberou para (nós) os menos favorecidos (ou pobres, na macro visão PSDBista), já fora criado anos antes do primeiro mandato do atual presidente petista. No dia seguinte (hoje), mostrando-se aliada à continuidade petista no topo da pirâmide social, a Globo, exibiu uma matéria contrária ao proposto pelo PSDB. Enfatizando, neutramente, que o “Brasil está melhor assim e que cresceu o esperado em menos tempo” – Em outras palavras: 50 anos em 8 e é sim o país do futuro.
Até aqui tudo bem? Espero que sim.
Aos domingos, entre a primeira e a segunda parte do programa do Faustão. É exibido uma partida de futebol. Das 16h às 19h aproximadamente. Os comentaristas vasculham a vida dos jogadores, técnicos e clubes expondo estatística e hipoteticamente certas combinações numéricas, como a percentagem de gols que um indivíduo pode fazer naquela partida, ou se o time A já entra em campo com 4.901 vitórias em cima do time B que possui apenas 4.309 vitórias e no encontro entre os dois times, as partidas empatadas somam 7.899. E absurdamente usam os reclusos matemáticos como causadores dessas contas que nós não entendemos. Alguém aqui ouviu falar em matemático criado em cativeiro? Se sim, envia-me um e-mail!
Proponho um assunto para uma discussão introspectiva.
Até quando Ela empurrará ideologias corruptíveis em suas novelas? Situações que antes eram ridicularizadas hoje se tornaram tema de novela das nove.
Se, é para haver liberdade de expressão e de idéias que haja sem tolerância. Enquanto houver intolerância, não haverá liberdade. Se o arbítrio é livre, não se pode mandar seguir por aqui ou por lá.
Pense nisso, ou não.
A cada volta que o mundo dá, novas descobertas são catalogadas e os produtos globalizados são enlatados e distribuídos.
Como você se sentiria se soubesse no último dia de sua vida que não teve liberdade de escolha e que comprou por impulso uma idéia errada e seguir nesse caminho até o dia em que deu o seu último suspiro? Se tivesse outra chance, erraria tudo exatamente igual?
Afinal de contas, se a vida é passageira porque ainda não tens uma atitude pró ativa? Imagina tanta gente que já foi embora com a melhor das intenções e quando esteve ao lado do criador prestando contas a ele( a) percebeu que fizera tudo errado e não havia produzido algo para a geração posterior à sua?
Talvez não seja hora de agir, mas de planejar. Cuide-se para não perecer por tolice depois.


Algumas emissoras se julgam deuses....outras tem certeza.

15/02/2010

Não sei!

Certo dia, encontrava-me numa encruzilhada. A dúvida era o ponto alto.
Sentei-me num resto de madeira, que por ali sempre esperava paciente pela chegada do amanha. Na beira daquela via, estava eu, defrontando com a pior situação, que, até então, jamais havia presenciado. Seguir em frente, esquerda volver, à direita dobrar ou retroagir? Não conseguia mover-me, meu corpo era um emaranhado indescritível estranho de amargura, suor, dor, felicidade angustiada dentre outras patologias ainda acobertadas no subconsciente.
De fato, a vida até então não me reservara boas recordações. Minha cabeça não me permite recordar de algum momento recente que eu felicitava, isso por crueldade, fazia-me sentir o ardor daquilo que supostamente propiciei ao próximo. Claro, em outra vida. Não sentia mais os meus pés, eles, ou o que restava, encontravam-se inquietos para terminar logo isso tudo. Nada disso era o suficiente para que meu corpo harmonicamente tomasse uma decisão. Olhava para aquelas opções de caminho, enquanto o sol aparecia tímido despertando de sua longa noite de sono, o mundo completava mais uma volta e menos uma folhinha estava presa no calendário da cozinha. As estrelas iam perdendo o seu brilho, mas isso também não ajudava. Parecia que já se passava um mês ou mais desde que cheguei aqui. Um colibri, figurinha engraçada da natureza, beija platonicamente uma flor que acabara de desabrochar ao meu lado. Então, até agora nada. A minha situação piorava a cada passo que o relógio dava a caminho do futuro, deixando o presente para trás num ciclo vicioso e infinito. Quisera eu, estar num ambiente diferente, longe de uma decisão tão estúpida que até mesmo uma criança tomaria sem exitar. Uma criança que fora recebida neste mundo num berço de ouro, diga-se de passagem. E o caminho continua obliquo, mesmo as teorias mais perfeitas ou até mesmo as descobertas mais inovadoras não me comovem. Tudo parece ser discrepante. O desejo de voltar é iminente. Não penso como poderá ser adiante, mas, para trás eu conheço – e como conheço. Pegarei minhas tralhas e partirei de volta pelo mesmo caminho que me trouxe até aqui, para que quando eu estiver novamente sendo gerado - ou antes disso – consiga entrar várias vezes na fila da “Tomada de decisão” e faça uma caminhada menos dolorosa.
Antes de chegar até aqui, eu tive amigos. Pessoas que foram marcantes. Também tive paixões, consecutivamente tive perdas, passei por ótimos, bons e maus momentos. Sempre desconfiei que isso seria uma variável constante proporcionalmente oposto a tudo de bom que plantei e colhi, como se fosse uma conseqüência triste para todas as minhas recordações e ambições. Quanto mais se conhece pessoas, mais se chora por elas. Fui pego de surpresa várias vezes, pelo notável “Até logo”. O pior disso foi quando meus amigos partiram sem me dar a oportunidade de lhes dizerem um breve “até mais”. Ou quando aquela despedida que seria um “volto logo” ou “te espero daqui a pouco” tormar-se-á um “Adeus”. Sem dúvida ainda é necessário levantar-me e decidir se volto ou pra onde sigo. Daqui a pouco alguém comprará este pedaço de terra em que estou, e, aqui erguerar-se-á uma linda construção. Se demorar por aqui, atrapalharei algo.

por Thiago Otero
...continua....

18/09/2009

E assim fez-se a desigualdade

Texto da obra Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, em que Rousseau exaltou as virtudes da vida natural e atacou a corrupção, a avareza e os vícios da sociedade “civilizada”.

O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, disse isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para respeitá-lo. Quantos crimes, guerras, assassinatos, misérias e horrores teria evitado à humanidade aquele que, arrancando as estacas desta cerca (...), tivesse gritado: Não escutem esse impostor pois os frutos são de todos e a terra é de ninguém.

______________________________________________________________
Jean-Jacques Rosseau. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. In: Rosseau. São Paulo. Abril, 1978. p. 259. Coleção Os Pensadores.

15/09/2009

LOCKE E O LIBERALISMO POLÍTICO

Texto extraído do livro Segundo Tratado Sobre o Governo (1960), em que Locke expõe suas idéias sobre o liberalismo político.

A liberdade natural do homem consiste em estar livre de qualquer poder superior na Terra (...), tendo somente a lei da natureza como regra. (...)
Sendo os homens, (...) por natureza, todos livres, iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de sua propriedade e submetido ao poder político de outrem sem dar consentimento. (...)
Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto de sua própria pessoa e posses, (...) por que abrirá ele mão dessa liberdade (...) e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a fruição do mesmo é muito incerta e está constantemente exposta à invasão de terceiros (...); e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros (...) para mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamam de “propriedades”.


_________________________________________________________________
John Locke. Segundo tratado sobre o governo. In: Locke. São Paulo, Abril, 1978. p.43, 71, 82. Coleção Os Pensadores.